30/05/2025 – Diário do Comércio

Minas Gerais e a digitalização da energia

Minas tem se destacado como o terceiro estado que mais investe em tecnologia no setor energético

A modernização da infraestrutura elétrica brasileira não é apenas uma tendência tecnológica, mas uma necessidade estratégica diante dos desafios energéticos e climáticos do século XXI. Minas Gerais tem demonstrado que, com planejamento, investimento e foco em inovação, é possível liderar esse processo de maneira concreta e estruturada.

O Brasil tem investido significativamente na modernização de sua infraestrutura elétrica, adotando novas tecnologias aliadas às redes inteligentes (smart grids) para melhorar a eficiência, confiabilidade e sustentabilidade da distribuição de energia. Essas soluções permitem uma gestão mais eficaz do consumo e da geração de energia, integrando fontes renováveis e incentivando a participação ativa dos consumidores.

Diante desse cenário, Minas Gerais tem se destacado como o terceiro estado que mais investe em tecnologia no setor de energia, atrás apenas de São Paulo e Paraná. As companhias de energia elétrica mineiras têm desempenhado um papel crucial nesse processo, com diversos projetos, como a instalação de quase 1 milhão de medidores inteligentes até o final deste ano.

Outrossim, até 2028 estão previstos investimentos de R$ 23 bilhões na rede de distribuição, incluindo a construção de 120 novas subestações, totalizando 615 instalações. O Estado também lidera nacionalmente em conexões de geração distribuída no meio rural, com mais de 37 mil unidades conectadas e uma potência instalada superior a 800 mil kW — o que representa 25% da potência de minigeração e 17,5% da microgeração do Brasil.

Entretanto, mesmo sendo uma referência nacional no setor de energia, Minas Gerais ainda enfrenta desafios importantes. O principal objetivo é acelerar a expansão da cobertura de medidores inteligentes nas áreas urbanas periféricas e zonas rurais. A geração distribuída no campo continua enfrentando dificuldades de conexão à rede para muitos pequenos produtores, especialmente em regiões de difícil acesso ou com infraestrutura precária. É necessário ampliar a conectividade e a estabilidade.

Outro ponto sensível é a questão da segurança da informação. A infraestrutura precisa estar preparada para lidar com ataques cibernéticos e garantir a proteção dos dados dos usuários. Nesse contexto, é fundamental aprimorar os protocolos de cibersegurança, especialmente no uso de inteligência artificial e big data. Com a adoção de novas tecnologias e a criação de sistemas de monitoramento e controle mais sofisticados, torna-se imprescindível desenvolver soluções que garantam uma rede responsiva e resiliente.

As redes inteligentes representam a evolução das redes elétricas tradicionais. Seu objetivo é tornar o sistema mais eficiente e transparente para todos os agentes da cadeia, como geração, transmissão, distribuição e consumo.

Atreladas a isso, as novas soluções estão sendo aplicadas na distribuição utilizando tecnologias IoT – Internet das Coisas – e de Inteligência Artificial, permitindo à indústria analisar grandes volumes de dados, utilizando soluções voltadas à previsão de demanda, manutenção preditiva e gestão eficiente da energia gerada por fontes renováveis.

Desde 2010, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem incentivado projetos-piloto. Diversas distribuidoras já implementam iniciativas com smart grids e soluções complementares que utilizam IA. Outro ponto relevante é a Resolução 1.000/2021 da Aneel, que estabelece diretrizes regulatórias para redes inteligentes, incluindo a coleta e uso de dados.

O protagonismo de Minas Gerais demonstra que a digitalização da rede elétrica é viável e necessária. No entanto, é fundamental que esse avanço não se restrinja a iniciativas regionais. A transformação do setor elétrico brasileiro depende de uma agenda nacional clara, que priorize a inteligência energética como política de Estado e assegure que os benefícios da tecnologia alcancem todos os brasileiros.

 

Veja a matéria direto na fonte: