27/12/2023 – Energia Hoje
Distribuidoras de Energia adotam IA para recuperar receitas
Distribuidoras aplicam plataforma da CAS Tecnologia em clientes telemedidos e aumentam precisão de identificação de fraudes ou de defeitos em medição.
A Amazonas Energia e a Light Sesa lideram as perdas não-técnicas em clientes de baixa tensão no Brasil, mas a preocupação das duas distribuidoras vai além: elas também têm combatido outra frente de potencial perda de receita, focando em usuários telemedidos.
Nesse caso, que envolve grandes consumidores de energia, o recurso mais recente é a Inteligência Articial (IA). As duas companhias são as primeiras a adotar a plataforma da CAS Tecnologia, desenvolvida com suporte do BNDES.
Segundo Octavio Brasil, gerente da empresa, três outras distribuidoras estão atualmente avaliando o recurso no formato de prova de conceito (PoC), etapa que pode anteceder a aplicação comercial.
O foco continua o mesmo: usuários telemedidos, que são em quantitativamente menores que os de baixa tensão, mas normalmente respondem por grande parte da receita das concessionárias.
A IA, de acordo com Brasil, pode ser usada em duas frentes: identificar perdas e diagnosticar problemas no sistema de telemedição. No primeiro caso, a tecnologia melhora a precisão para apontar clientes que podem realmente estar fraudando as distribuidoras e ajuda a ter uma visão georreferenciada do problema, o que pode aumentar a recuperação de receitas. Ao mesmo tempo, a IA também pode ajudar na detecção de falhas e diagnóstico de problemas, otimizando a manutenção de redes.
“Em algumas concessionárias, cerca de 2% de seus consumidores representam metade do faturamento, então a telemedição começa a ser aplicada por esse topo da pirâmide”, explica Brasil.
Ele lembra que os sistemas convencionais de detecção de fraudes envolvem a análise histórica do consumidor e o envio de equipes de campo, processo caro e demorado. A eficiência de detecção nesses casos oscila entre 10% e 30%, pelos dados da CAS. Com o emprego de IA, a precisão aumenta e pode chegar a 95%, índice apontado pelos casos da Amazonas Energia e da Light, além dos dados preliminares das provas de conceito em andamento.
Tecnicamente, a solução analisa uma série de fatores que compõem o perfil do consumidor telemedido, ao mesmo tempo que cruza esses dados com a gestão de telemedição e com os sistemas comerciais da distribuidora. Desse cruzamento de padrões e de cadastro comercial, a IA refina pode apontar anomalias que indicam perdas potenciais de receita. A inteligência do processo pode mostrar ainda se existe um comportamento de cliente fraudador ou se os dados apontam para um defeito de medição.
Brasil lembra que além de recuperar receitas, a IA pode suportar as concessionárias em termos de regulação, ao apontar, com precisão, a situação das perdas não-técnicas da companhia. Outro ponto importante é que o modelo de negócios – por meio de licenciamento – permite que o investimento em IA possa ser englobado em termos de investimento de capital e, portanto, analisado na revisão tarifária.
De acordo com o executivo, a abertura total do mercado livre para consumidores do grupo A pode ser uma oportunidade para ampliação da IA na recuperação de receitas, pois vai envolver a análise de dados. Hoje, a empresa já tem sistemas de gestão de telemedição em aproximadamente 2,3 consumidores de várias distribuidoras, entre elas as já citadas e a Energisa e EDP, entre outras.