30/03/2022 – IPNews

Neoenergia avalia uso de faixa subgiga para expansão de rede 4G privada

A Neoenergia iniciou o plano de expansão da rede 4G LTE (no inglês, Long Term Evolution) privada. Por meio de uma prova de conceito (PoC), a companhia vai avaliar o uso de faixa de frequência com maiores alcances e expandir a rede de comunicação com eficiência e menor custo. A iniciativa pioneira integra o projeto Energia do Futuro, que está implantando na região de Atibaia, em São Paulo, um novo modelo de rede elétrica inteligente, baseado na digitalização e na automação de rede.

A rede 4G foi implantada para garantir uma maior confiabilidade à transmissão de dados dos equipamentos do projeto de redes inteligentes para o Centro de Operações da Neoenergia Elektro. O objetivo é reforçar a qualidade do serviço para os clientes. “Os investimentos na rede própria nos dão mais segurança na operação dos novos equipamentos inteligentes que estamos implantando nas redes. Com essas tecnologias, conseguimos fornecer energia elétrica com maior confiabilidade e qualidade para todos os nossos clientes”, afirma o superintendente de Smart Grids da Neoenergia, Ricardo Leite.

O estudo tem o objetivo de avaliar a viabilidade de migração da faixa frequência de 3,5 Gigahertz (GHz) para faixa de 410-415 Megahertz (MHz) e 420-425 Megahertz (MHz) que está padronizada em LTE.

A nova faixa de frequência interessa à Neoenergia porque oferece uma boa relação entre cobertura e capacidade. Com a frequência mais baixa, é possível atingir um maior número de clientes utilizando a mesma quantidade de torres atual, do sistema em 3,5 GHz, garantindo, assim, mais eficiência. “As características de propagação das faixas avaliadas permitem ampla cobertura a custos mais baixos com a infraestrutura de estações rádio-base, o que otimiza potencialmente os custos de implantação”, explica o executivo.

A demanda por uma comunicação ao longo das redes de distribuição de energia é crescente devido à expansão da digitalização e da automação. A faixa em 410 MHz é vista pela Neoenergia como um grande potencial na construção de uma rede LTE multisserviço. Isso quer dizer que a rede é capaz de transportar serviços de missão crítica e banda larga, podendo suportar aplicações de automação, comunicação por voz, dados e vídeo, entre outros serviços como realidade aumentada, inteligência artificial e inspeção por drones.

Além disso, a frequência poderá ser usada para a medição inteligente sem a necessidade de outras tecnologias de acesso ou equipamentos, simplificando a arquitetura de rede e facilitando a gestão. Hoje, são utilizadas seis torres na região de Atibaia para atender à demanda, funcionando como backhaul. Na prática, as informações registradas pelos equipamentos, como os religadores e os medidores inteligentes, são transmitidas por outras duas redes – Wi-Sun e Prime PLC – para concentradores, que possuem o SIM Card da rede, como o chip usado em aparelhos celulares. Esses equipamentos, em seguida, se comunicam com o datacenter da companhia pela rede LTE.

Como a cobertura da rede 4G na frequência de 410 MHz é maior, a avaliação é de que pode ser reduzida a necessidade de instalação dos concentradores, ou seja, a comunicação poderia ser feita diretamente entre os medidores inteligentes e o Centro de Operações.

O projeto Energia do Futuro instalou 75 mil medidores inteligentes na região. Os medidores inteligentes têm diversas vantagens, entre elas, a possibilidade do acompanhamento diário do consumo de energia, permitindo a mudança de atitudes para economizar energia. Outro benefício é que a empresa recebe alertas quando acontecem quedas de energia dando agilidade à resolução de eventuais falhas de forma ainda mais rápida e assertiva.

Os módulos de comunicação do medidor inteligente desenvolvidos para esta avaliação suportam as frequências de comunicação privadas e públicas de interesse da Neoenergia, permitindo a implantação ágil nas cinco distribuidoras que integram a companhia, podendo funcionar tanto onde há a rede LTE quanto em regiões onde a empresa não possui rede privada, através da parceria com operadoras.

“Os testes contribuirão para fortalecer a estratégia da Neoenergia para a expansão do projeto Energia do Futuro, além de auxiliar nas discussões sobre a regulamentação desse espectro. Isso reforça o compromisso da companhia com a modernização do setor elétrico”, destaca Ricardo Leite.

Infraestrutura

No Brasil, a banda 410 MHz está em avaliação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no âmbito do item 35 da Agenda Regulatória. A prova de conceito realizada pela Neoenergia está regulamentada sob a modalidade do serviço especial para fins científico e experimental.
Tecnologias de baixo consumo de dados e baixo custo, como NB-IoT (Narrowband IoT) e Cat-M, também estão presentes na banda 87 e abrem oportunidades para comunicação com a internet das coisas (IoT) como medidor inteligente, religadores automatizados, sensores de perda, banco de capacitores e reguladores de tensão. As tecnologias NB-IoT e Cat-M possuem capacidade de evolução para redes 5G.

A Neoenergia investiu no desenvolvimento de um ecossistema para impulsionar a adoção da nova banda. A companhia fechou uma parceria com a Nokia para a implantação da infraestrutura de telecomunicações. A empresa também foi responsável pela construção da rede, que teve a operação iniciada em 2020.

Outros parceiros são a GE Grid Solutions para a implantação de roteadores LTE industriais, a Qualcomm Technologies, Inc. com o modem Qualcomm 9205 LTE IoT para o desenvolvimento da tecnologia de comunicação para os sensores da Internet das Coisas na frequência de 410 MHz, a M2M Telemetria/CAS Tecnologia/Connexa para o desenvolvimento dos módulos de comunicação do medidor inteligente e a Celplan para definição e medição dos testes em campo. A prova de conceito tem ainda colaboração da associação UTC América Latina e da 450 Alliance, associação da indústria que tem como objetivo promover o uso da faixa de 400 MHz na Europa e no mundo.

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