06/07/2022 – BNAmericas, G1 e R7

Benefícios do 5G no setor de energia.

A tecnologia 5G na faixa principal de 3,5 GHz foi lançada no Brasil nesta quarta-feira (6) com a ativação de centenas de antenas por três operadoras nacionais na capital Brasília.

A ativação de uma rede 5G standalone (SA), ou seja, que não depende de faixas ou equipamentos de transmissão existentes, foi viabilizada após a liberação técnica da frequência de 3,5GHz na capital.

Brasília se tornou, então, a primeira cidade do país com 5G “puro”, porque o processo de instalação dos equipamentos para evitar interferência nos serviços via satélite foi mais rápido do que em outras cidades.

“Agora devemos ver a adoção gradual do serviço, começando com clientes de maior valor agregado e com áreas mais ricas e populosas nas cidades”, disse Márcio Kanamaru, sócio sênior da KPMG para os setores Tech, Media & Telecom, à BNamericas.

Pelas regras da Anatel, todas as 26 capitais devem ter o 5G comercial na faixa de 3,5 GHz ativado até o final de setembro.

Além de Brasília, pelo menos outras três capitais também estão realizando procedimentos técnicos agilizados para liberar o espectro, e devem ativar o serviço nas próximas semanas.

A grande questão sobre o 5G no momento é o ritmo de adoção e em quanto tempo as operadoras conseguirão monetizar os investimentos que estão sendo feitos. No geral, as operadoras gastaram cerca de R$ 40 bilhões (US$ 7,4 bilhões) somente com o espectro de 5G.

“Apesar de questões como preços de celulares, flutuações cambiais e o aumento do custo de vida das famílias, tudo indica que a tecnologia está avançando mais rápido do que as anteriores”, apontou Kanamaru.

No Chile, que foi o primeiro país da América Latina a leiloar frequências de 5G, com serviços ativados em meados de dezembro de 2021, os acessos 5G cresceram quase 2.000% entre janeiro e abril, atingindo meio milhão de usuários em quatro meses e superando facilmente a taxa de adoção do 4G quando foi lançado.

Kanamaru, da KPMG, disse que as operadoras devem realizar grandes campanhas para vender smartphones compatíveis nos principais eventos de varejo dos próximos meses, oferecendo pacotes de dados atraentes e serviços de valor agregado junto com o 5G para aumentar a adoção nos primeiros meses da tecnologia disponível.

Apesar do foco inicial nos usuários finais, o segmento B2B é considerado a principal oportunidade para o 5G, devido à alta capacidade de transmissão e baixa latência de suas faixas médias (como 3,5 GHz) e altas.

As operadoras estão apostando forte nos negócios corporativos, mas primeiro precisam ganhar escala com o B2C para alavancar o retorno dos investimentos na rede.

Thoran Rodrigues, fundador e CEO da empresa de big data e análise BigDataCorp, destacou que é esperado um crescimento gradual nas aplicações corporativas e industriais que utilizam a tecnologia, tanto por meio de redes privadas quanto públicas.

“Essas mudanças são sempre graduais. A expectativa é que, nos próximos seis meses a um ano, comecemos a ver algumas dessas aplicações ganhando mais força. Sensores, câmeras, processos industriais, cidades inteligentes, tudo isso”, disse Rodrigues à BNamericas.

As apostas são altas para empresas que fornecem serviços e aplicações baseados na tecnologia.

“O 5G chega com novidade e muita expectativa. Em regiões com alta densidade demográfica, devemos ver muitas melhorias em diferentes serviços que dependem de tecnologia, como é o caso daqueles que oferecemos às distribuidoras de energia”, avaliou Octavio Brasil, gerente geral do grupo de IoT CAS Tecnologia, em bate-papo com a BNamericas.

Segundo Brasil, mais da metade da receita de energia elétrica do país é aproveitada nas soluções da CAS Tecnologia. Os medidores da empresa são utilizados por 28 das 42 maiores distribuidoras de energia do país, inclusive em Brasília e outras capitais.

“O 5G nos permitirá transmitir um volume ainda maior de dados pelos medidores inteligentes”, disse o executivo.

Do ponto de vista macroeconômico, o impacto da adoção do 5G na economia brasileira também depende da velocidade de implementação da tecnologia.

De acordo com projeções divulgadas na terça-feira (5) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a diferença entre a adoção rápida ou lenta do 5G pode ser de 0,2 ponto percentual do PIB per capita do país até 2030.

No cenário mais otimista projetado pela entidade, o 5G atingiria 81% de penetração no Brasil até 2030, somando R$ 81,3 bilhões ao PIB do país até lá.

No cenário mais pessimista, a penetração chegaria a apenas 40,5%, com ganhos econômicos significativamente menores.

A diferença entre os dois cenários envolve o “custo de oportunidade” de não empregar as medidas necessárias para a adoção generalizada do 5G, segundo a CNI.

Essas medidas são:

– Atualização da legislação municipal para permitir a instalação de antenas;

– Redução da insegurança jurídica associada ao compartilhamento de infraestruturas de rede;

– Regulação de redes privadas;

– Uso de recursos públicos de telecomunicações de maneira mais eficaz e transparente;

– Aprovação de uma reforma tributária para reduzir a carga de impostos indiretos sobre os serviços de telecomunicações.

Demais capitais

No início de junho, a Anatel adiou o prazo para a implantação do 5G nas capitais estaduais. A ativação das estações seria realizada em 31 de julho, mas acabou sendo postergada por 60 dias. Com isso, a tecnologia deve estar disponível para a população desses locais em 29 de setembro.
Nas outas cidades que não são capitais de estado, o cronograma previsto será mantido, com implementação gradual até 2029.

 

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